Pesquisar este blog

terça-feira, 21 de março de 2017

CARNE FRACA X MENTE CRUA

A "Operação Carne Fraca" desencadeada pela Polícia Federal da república de Curitiba - mais uma vez Curitiba - veio à tona nessa sexta-feira (17), e foi mais um exemplo de como o povo brasileiro é completamente dominado pela mídia que representa o poder. As redes sociais foram inundadas por piadas sobre o tema e, muito pouco se tratou das consequências dessa operação. Fazer piadas dos problemas pode ser uma coisa boa, faz parte do espírito brincalhão do brasileiro. Porém, quando os assuntos sérios permanecem apenas nas piadas, aí já fica grave. Podemos estar mascarando um sério problema que o governo Temer mais uma vez está jogando para debaixo do tapete.

Consequências da "Operação Carne Fraca"


Nesse momento, podemos estar vibrando pela operação. Apressadamente, já tem gente endeusando o Maurício Moscardi (delegado da PF que coordenou a operação). Muitos estão achando o máximo o fato de frigoríficos terem sido fechados e outros até estão jurando que nunca mais comerão uma linguiça Sadia ou uma picanha Friboi. Uma certa cultura de pobreza intelectual faz a pessoa vibrar a cada vez que uma grande empresa ou um grande empresário se ferra. Somos levados a fazer julgamentos apressados sem ao menos passar pelo filtro crítico ou pensar nas consequências.

Essa operação, demonstra um fato preocupante: o Brasil está retornando a passos largos aquela velha época nas décadas de 80 e 90, onde éramos motivo de piadas no exterior. Um país de terceiro mundo com uma indústria tacanha, sem credibilidade e comandado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional). Éramos  apenas a "República das Bananas" e o nosso único produto de exportação eram as mulatas bundudas do Sargentelli. A nova geração não faz a menos ideia do que seja isso. Só para lembrar aos mais jovens, éramos um país produtor de miséria e os jornais da época destacavam que mais de 50 milhões de brasileiros viviam abaixo da linha da pobreza.

Hoje, temos uma indústria forte, moderna e competitiva que está se destacando nos grandes mercados internacionais. Depois da implantação de uma política de incentivo a indústria nacional incrementada no governo Lula, nossas indústrias cresceram consideravelmente e passaram a dominar mercados e chamar a atenção das grandes potências. É claro, que as consequências disso são mais empregos, mais qualidade de vida, mais desenvolvimento, melhoria na qualidade de vida dos brasileiros e divisas para o país. Só para se ter uma ideia, quando uma granja de porte médio se instala numa região e cria 200 empregos diretos, um vasto número de empregos indiretos são criados em toda a região. Produtores de grãos, ração, aves, produtos agropecuários, produtos de limpeza... formam uma grande rede em torno desse empreendimento.

E a quem interessa a quebra dessa indústria? Respondo sem rodeios. Interessa aos investidores internacionais que estão de olho no potencial de nossas indústrias, de nossa tecnologia, da nossa capacidade de produzir a preços mais competitivos para o mercado internacional. Se você observar, cada indústria nacional que se quebra, há um imediato abocanhamento das empresas internacionais. E os apressados logo irão repetir o jargão dos governantes: isso representa dólares para o Brasil. A realidade tem mostrado que não é bem assim.

Essa Operação Carne Fraca sangrou um importante setor de nossa economia. Nossa carne representa hoje 7,2% das exportações do país e em 2016 rendeu 12 bilhões de dólares para o Brasil. Exportamos para mais de 160 países e já éramos considerados gigantes num mercado altamente competitivo e exigente.  E aí, algum leitor apressado deve estar perguntando: ué Luiz Vieira, você está defendendo esses picaretas que vendem carne podre? Não. Não é nada disso. Mas, o que essa operação desastrosa fez, foi ferir de morte nossa indústria de carne, e dificilmente conseguiremos voltar ao patamar anterior nos próximos cinco anos, apesar do governo estar tentando minimizar esse prejuízo. Para explicar mais didaticamente vou dar o seguinte exemplo: vamos supor que o médico descobriu que você está com um furúnculo na bunda. Ao invés de aplicar um antibiótico para matar o furúnculo, ele lhe receita uma quimioterapia que vai destruir boa parte do seu organismo e deixar você debilitado e sem defesa. Entendeu? Pois a Operação Carne Fraca foi tal e qual. Num universo de quase 5 mil frigoríficos, apenas 21 unidades foram alvo de investigação. Dos 11 mil servidores do Ministério da Agricultura ligados a vigilância sanitária, apenas 33 servidores estão sendo suspeitos de participarem da fraude. Mas o estrago já foi feito. A marca que ficou é que nossos frigoríficos vendem carne podre, carne com papelão e nossos funcionários públicos são todos uns corruptos desalmados.

Um estado policialesco amador - a culpa é do Lula


Continua amanhã (22 de março)






2 comentários:

  1. A carne pode até ser fraca, mas podre é o governo golpista que aí está nos enfraquecendo de verdade diante do mundo dito civilizado. Então vamos extirpá-lo do mapa e reconstruir a democracia para reconstruirmos o país.

    ResponderExcluir
  2. "Depois da implantação de uma política de incentivo a indústria nacional incrementada no governo Lula"* - Apenas uma pequena observação: Quando se fala em política de incentivo à indústria, é mais coerente se referir à JK, já que seu governo foi marcado por essa prática. Sem tirar o mérito de Lula, que também atuou nesse sentido em seu governo, mas quando se pensa na consolidação da indústria brasileira, divide-se em duas fases - antes e depois de juscelino kubitschek. Abraços.

    ResponderExcluir