Pesquisar este blog

quarta-feira, 14 de março de 2018

COLUNA DO LEITOR - A CLASSE MÉDIA E ALTA NA ESCOLA PÚBLICA!


Por Alípio Mário Ribeiro*

            A cada ano aumenta o número de alunos “ricos" matriculados nas escolas públicas estaduais pelo país. Em Parauapebas, não é diferente. Basta passar pela praça Mahatma Gandhi (ESCOLA EUCLIDES FIGUEIREDO), pela rua Rio de Janeiro no Rio Verde (Escola EDUARDO ANGELIM) ou outras escolas estaduais de ensino médio na cidade, para ver alunos descendo de HILUX, COROLAS, SUV para irem para a aula. Outros tantos, mesmo menores de idade, vão de motos caras, ostentando celulares de última geração, roupas de grife, óculos da moda!

            A Lei 12.711/2012 preceitua o seguinte:

            "Art. 1o  As instituições federais de educação superior vinculadas ao Ministério da Educação reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação, por curso e turno, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.

            Parágrafo único.  No preenchimento das vagas de que trata o caput deste artigo, 50% (cinquenta por cento) deverão ser reservados aos estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita.

            Compensa mais para os pais matricularem seus filhos nas escolas públicas e pagarem cursinhos pré-vestibulares, do que mantê-los em escolas particulares caras e que nem alcançam a média nas notas do ENEM ou pontuam no IDEB! Os pobres, que não têm como pagar cursinhos, com certeza, ficarão fora das universidades públicas e terão que pagar com muito sacrifício, mesmo com a ajuda de programas como FIES, PROUNI, SISU, pelas mensalidades!

            Mas não é só pelo fato de concorrerem pelas vagas ofertadas pelas cotas que os pais matriculam os filhos nas escolas públicas. Na realidade, a classe média está em apuros e empobreceu. E a classe rica virou classe média. Não está sendo fácil manter os carros e padrão de vida conquistados a duras penas. Há que se cortar os custos!

            Por outro lado, a migração dos alunos “ricos” para as escolas públicas vem provocando algumas mudanças, mesmo que pequenas e poucas na rotina dos alunos e professores! Os pais destes alunos cobram mais, estão atentos às notas de seus filhos, cobram resultados de diretores e professores. No começo, os alunos são mais participativos, se destacam no meio dos demais. Aos poucos, porém, se deixam engolir pela precariedade do ensino público, caem na produtividade e desempenho. O fato de muitos deles terem uma rotina desgastante, estudando na escola pública e em cursinhos, cansa, desestimula. Poucos são aqueles que aguentam a lida e se saem bem no vestibular. Vários são os alunos que conheço e para quem lecionei, que vivem esta rotina, que não conseguiram boas notas no ENEM!

            A migração dos alunos “ricos" para a escola pública atraiu a atenção de bandidos que passaram a roubar e furtar celulares, bonés, mochilas dos alunos. E todos são prejudicados, perdendo mais, claro, o pobre. Consequentemente, devido à falta de segurança, a venda de drogas aumentou nestas escolas, trazendo perigo e desconforto para todos, inclusos professores, servidores e pais.

            Os alunos pobres reagem de várias formas frente ao estilo de vida dos alunos “ricos”. Alguns procuram estudar mais, para mostrar que conseguem melhores notas e no intuito de terem o mesmo padrão de vida dos “intrusos”. Outros se deixam dominar pelos celulares modernos e bonitos, pelo jeito de ser dos “ricos”, pelas suas roupas caras. Como nos filmes americanos sobre a vida nas escolas, seguem e se submetem aos mauricinhos e patricinhas e desprezam os colegas de anos de convivência.

            O professor precisa ficar atento a estas mudanças para promover a harmonia entre as classes, buscando estimular a todos na busca por uma vaga na universidade, na defesa da cidadania. Deve conscientizar o aluno sobre os princípios da igualdade, respeito e dignidade. É um desafio a mais a ser vencido nesta pluralidade cultural, social e financeira chamada Brasil!

            É preciso discutir a Lei de Cotas com os alunos e professores, buscar soluções para enfrentar os problemas causados com a implantação dela no país. Convidar as famílias dos alunos com mais frequência para atividades sociais e lúdicas nas escolas, já é um bom começo.

            Precisamos formar filhos melhores para deixar um país melhor ainda para nossos netos e para nós mesmos!

            E você? Já visitou a escola de seu filho hoje para saber o que ele anda fazendo lá?

* Advogado e professor da rede pública estadual.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Academia Parauapebense de Letras realiza sessão em homenagem às mulheres





Nesse dia 8 de março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a Academia Parauapebense de Letras (APL) prestará uma belíssima homenagens a todas as mulheres de Parauapebas. O evento acontecerá no Partage Shopping e iniciará às 19h. 
Será uma noite memorável que ficará marcada no calendário cultural de Parauapebas, com atrações como poesia, música, dança e informações sobre as conquistas femininas. A atração musical ficará por conta da cantora Angélica Nunes.
Junte-se aos imortais de Parauapebas e venha render sua homenagem as mulheres que fazem parte de sua vida.

terça-feira, 6 de março de 2018

A PAIXÃO DE CRISTO NOS DIAS ATUAIS - PARTE II


...Continuação

Jesus ou Barrabás?

  • Jesus não morreu de morte natural nem de acidente. Ele foi um prisioneiro político. Foi perseguido, preso, torturado e condenado. O que incomodou a elite romana não foi sua pregação religiosa, mas sua prática, seu posicionamento firme contra a exploração dos humildes, contra a hipocrisia do poder. Ele não ficou em cima do muro. Jesus teve lado e defendeu até as últimas consequências a justiça social, a igualdade e a fraternidade. Ele disse: "Eu vim para que as ovelhas tenham vida, e para que a tenham em abundância" (João, 10, 10). E isso irritou os poderosos que viam-no como uma ameaça aos propósitos de poder do Império Romano. E hoje? O que fazemos com nossos líderes que ousam a pregar uma sociedade justa e igualitária? O que fazemos com quem ousa a desafiar e enfrentar os poderosos? O que pensamos de alguém que aparece defendendo as mesmas ideias que Cristo defendeu?
  • Ler a Bíblia hoje e compreender que Jesus foi injustiçado é fácil. Ir para a igreja e reviver com emoção a Paixão de Cristo é bonito e emocionante. Mas pare e compare o julgamento de Cristo com os julgamentos que fazemos hoje. Jesus foi preso, julgado e condenado à morte por um tribunal legítimo. Seus algozes seguiram todo o rito do processo e, aparentemente, aos rigores da lei, foi um julgamento legal e houve até o sagrado direito a defesa. Para os entendidos no direito, foi seguido todo o rito processual. No entanto, sabemos que seu julgamento foi uma farsa, um teatro montado para dar legitimidade a uma acusação falsa. Atualmente, nossos tribunais continuam julgando e condenando inocentes. E o povão o que fala? "Ah, se está preso é porque deve". "Se não devesse nada, não teria sido condenado, afinal, juízes estudaram e sabem o que estão fazendo". "Tá na cara que é culpado. Não temos provas, mas temos convicções". E você, o que diria? 
  • Tanto Pilatos como Herodes até tentaram livrar a barra de Jesus. Pilatos chegou a declarar: "Eu não acho neste homem culpa alguma. Mas eles insistiram fortemente: Ele revoluciona o povo ensinando por toda a Judeia, a começar da Galileia até aqui" (Lucas, 23, 4-5). Veja que o próprio povo manipulado pelas autoridades romanas pediu a morte de Jesus. Preferiram soltar Barrabás. E hoje, será que não estamos fazendo o mesmo? Analisem nossa história recente. Sem querer fazer nenhuma comparação, quando Tiradentes foi condenado a forca, o povão foi para a praça aplaudir a morte de quem eles chamavam de facínora traidor da pátria, para depois de um século transformá-lo em herói nacional, o mártir da inconfidência. Isso lhe diz alguma coisa? Por que o povo sempre fica do lado dos poderosos e contra os líderes que lutam pela libertação desse povo? Por que o povo tem a tendência de endeusar juízes e achar que os doutores estão sempre corretos? Foi exatamente assim com Cristo.
  • E para terminar, imagine Jesus vivendo aqui na Terra hoje e invadindo uma igreja e quebrando as maquininhas de cartão de crédito e dizendo: "Não está porventura escrito: a minha casa será chamada casa de oração para todas as nações, mas vós fizeste dela um covil de ladrões"(Marcos, 17). Acho que ele seria expulso a pontapés e seria acusado de estar possuído pelo demônio. 
Pense nisso. Reveja os seus conceitos, seus preconceitos, seus prejulgamentos e viva intensamente a verdadeira Paixão de Cristo.

segunda-feira, 5 de março de 2018

A PAIXÃO DE CRISTO NOS DIAS ATUAIS - PARTE I



De que lado você ficaria?
By Luiz Vieira*

Outro dia estava numa reunião religiosa e durante o momento da reflexão, alguém perguntou: "e se Jesus voltasse hoje como humano e vivesse novamente em nosso meio, reconheceríamos como filho de Deus? Seguiríamos ou condenaríamos?" Apesar de parecer fácil, essa pergunta é muito difícil e polêmica. Aproveito o momento onde os cristãos comemoram a Semana Santa e a Páscoa para fazer essa pergunta a vocês. Eu confesso que fiquei com dúvidas.

Para ajudar nessa reflexão, faço alguns questionamentos. Esqueça um pouco o Jesus filho de Deus, Homem Santo, enviado à terra pelo próprio Deus. Esqueça um por um momento o que você conhece através dos quatro evangelhos. Tente voltar ao tempo e imagine-se vivendo em Jerusalém ou na Galileia. Procure conhecer a história daquele povo, a relação de poder, suas leis, seus hábitos e costumes. Você ficará surpreso ao descobrir que a realidade daquele povo no tempo de Jesus era muito parecida com a nossa realidade atual. E se você observar o poder romano, suas artimanhas, seus julgamentos, a relação de opressão com o povo, e, principalmente, sua estrutura jurídica, ficará ainda mais surpreso. Não é à toa que a nossa justiça e nossas leis são baseadas no modelo romano. Herdamos até os termos em latim exaustivamente utilizado nos tribunais.

Comparando a realidade em que Jesus viveu no seu tempo com a nossa, comparando os preconceitos existentes com os nossos, comparando o nível de alienação e submissão daquele povo, arrisco-me a desconfiar que hoje, o poder institucionalizado crucificaria Jesus novamente e o povão estaria lá aplaudindo e vibrando.

Está achando que isso é exagero, uma heresia? Então acompanhe meu raciocínio:


  • Para começo de conversa, Jesus era pobre, defendia os pobres e andava com pobres. Só esse fato em si já seria motivo para ele ser recriminado na atual sociedade. Se tirarmos a máscara da hipocrisia, perceberemos que a sociedade não suporta pobres que se mete a querer ter algum destaque. E esse sentimento é tão forte que o próprio pobre sofre uma lavagem cerebral para pensar que não tem direito a ter acesso a certas oportunidades. Olhe o que uma socialite escreveu em sua coluna num importante jornal: "Ir a Nova York já teve sua graça, mas, agora, o porteiro do prédio também pode ir, então qual a graça?" (Danuza Leão - 2012).  Constantemente, observo pobres fazendo piadas contra pobres e criticando os programas sociais que tiram o povo da miséria. Esse é o poder invisível da lavagem cerebral que atinge principalmente as classes que tem menos acesso ao conhecimento. Senão, vejamos: a mesma classe pobre que critica um programa que destina R$80 a uma família carente e chama quem recebe de pobre vagabundo e acomodado, é incapaz de se indignar com o bolsa moradia de mais de R$4 mil que um juiz recebe. Isso é efeito da alienação ideológica. Então, desconfio que se um ser humano aparecesse aqui hoje, tipo esquisitão barbudo de chinelos, ensinando que os pobres serão os bem aventurados, que tem direitos a uma vida digna, que deve ter o acesso à universidade facilitado, que não deve aceitar ser explorado, seria perseguido, acusado de subversivo, louco, fanático... Quem sabe, chamaríamos de comunista, esquerdista e mandaríamos ir para Cuba?!
  • Em segundo lugar, Jesus andava com pecadores, com prostitutas, cobradores de impostos e tudo quanto era gente não recomendada. Já imaginou essa situação vivenciada hoje? Que julgamento faríamos? Imagine um líder religioso atualmente fazendo o que Jesus fez em sua época? Você conhece algum líder religioso atualmente que condena o preconceito contra gays, prostitutas, que defende e protege os excluídos e foi recriminado por isso? Por outro lado, vejo milhões de jovens e famílias "cristãs" defendendo com unhas e dentes líderes religiosos e políticos que pregam abertamente a intolerância, que apoiam ideias machistas, a misoginia e a discriminação racial. Vejo gente de "bem" defendendo a pena de morte e repetindo que "bandido bom é bandido morto", enquanto Jesus defendeu até uma prostituta condenada ao apedrejamento por adultério (crime grave na época).
(Continua na terça, 5 de março)